A presença dos celulares no ambiente escolar tem gerado debates acalorados entre pais, educadores e especialistas. Muitos acreditam que a tecnologia pode ser uma aliada no aprendizado, enquanto outros apontam os impactos negativos do uso excessivo dos dispositivos. Em resposta a essas preocupações, diversas escolas e governos têm adotado medidas para limitar ou proibir o uso dos celulares em sala de aula.
O que diz a lei?
No Brasil, diferentes legislações foram criadas para regulamentar o uso de celulares nas escolas. Em São Paulo, desde 2007, a Lei Estadual 12.730/2007 já proibia o uso de celulares em sala de aula, exceto para atividades pedagógicas supervisionadas por professores.
Em 2023, a Lei Federal 14.640/2023 estabeleceu diretrizes para a restrição do uso de celulares nas escolas de ensino básico, reforçando a necessidade de um ambiente mais focado no aprendizado e na socialização dos alunos.
Mais recentemente, em janeiro de 2025, foi sancionada a Lei Federal nº 15.100/2025, que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais, como celulares e tablets, por estudantes da educação básica em todo o país, tanto em escolas públicas quanto privadas. A nova lei permite o uso desses dispositivos apenas para fins pedagógicos ou didáticos, sob orientação dos professores, ou em casos específicos relacionados à acessibilidade, saúde e direitos fundamentais dos alunos. Além disso, determina que as escolas adotem estratégias para abordar o sofrimento psíquico e a saúde mental dos estudantes, bem como ofereçam treinamentos periódicos para identificar e prevenir sinais de sofrimento emocional.
O que dizem os especialistas?
Pesquisadores e educadores brasileiros têm se manifestado sobre os efeitos do uso excessivo de celulares na educação. A neurocientista e professora Carla Tieppo destaca que a exposição prolongada a telas pode comprometer o desenvolvimento cognitivo das crianças. O educador Mozart Neves Ramos ressalta que a falta de regulação adequada pode prejudicar a interação social e a capacidade de aprendizado dos estudantes.
Impactos psicológicos do uso excessivo de celulares
Estudos psicológicos indicam que o uso constante de smartphones pode causar ansiedade, alterações no padrão de sono e déficit de atenção. A psicóloga Ana Beatriz Barbosa Silva enfatiza que a hiperconectividade interfere na capacidade das crianças de desenvolver habilidades sociais, tornando-as mais dependentes da validação digital.
Dicas para pais lidarem com a questão
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Definir limites claros: Estabelecer horários específicos para o uso de celulares pode ajudar a equilibrar a vida digital e offline.
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Incentivar atividades fora das telas: Estimular práticas como leitura, esportes e artes é essencial para o desenvolvimento integral da criança.
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Manter o diálogo aberto: Conversar sobre os impactos do uso excessivo da tecnologia e demonstrar, pelo exemplo, um uso consciente do celular.
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Utilizar recursos alternativos para organização: Planners, diários e bullet journals são excelentes ferramentas para estimular a criatividade e a expressão pessoal dos jovens.
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Resgatar os jogos de tabuleiro: Jogos de tabuleiro estão em alta novamente e são ótimas alternativas para estimular o raciocínio lógico, a interação social e o entretenimento em família ou entre amigos. Eles ajudam a fortalecer o vínculo familiar e a desenvolver habilidades cognitivas de forma lúdica e divertida.
Livros, filmes e vídeos sobre o tema
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Livro: "O Livro das Telas" (Companhia das Letras) – um guia sobre o impacto das telas na infância e adolescência.
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Filme: "O Dilema das Redes" – documentário que explora os efeitos das redes sociais na sociedade.
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Vídeo: Canal de YouTube "NeuroVox", da neurocientista Carla Tieppo, com conteúdo sobre o impacto das telas no cérebro.
O papel da papelaria no desenvolvimento das crianças
A desconexão digital pode ser potencializada com o uso de ferramentas analógicas. Diários, bullet journals e cadernos de desenho são excelentes formas de expressão e organização para crianças e adolescentes. Além de estimular a criatividade, esses materiais contribuem para o desenvolvimento motor e cognitivo, tornando-se aliados importantes para um estilo de vida mais equilibrado.
Foto de: cottonbro studio